Microsoft admite que xCloud está caro e planeja plano mais acessível
A lógica é simples: se um serviço de streaming de jogos quer ser popular, então ele precisa ser acessível. Parece que a Microsoft, depois de algum tempo, chegou a essa mesma conclusão. Em uma declaração que soa como uma admissão de que seu modelo atual pode ser restritivo demais, a gigante da tecnologia indicou que está trabalhando para tornar o Xbox Cloud Gaming (xCloud) mais barato. A confirmação veio de Jason Ronald, vice-presidente de Próxima Geração da Microsoft, durante uma participação no podcast oficial do Xbox. Atualmente, o acesso ao xCloud está trancado exclusivamente no cofre do plano Xbox Game Pass Ultimate, que custa salgados R$ 59,99 por mês, um valor que afasta muitos jogadores casuais ou aqueles que só querem experimentar a nuvem.
A Lógica do Game Pass Ultimate: Se é Premium, Então é Caro
A estratégia atual da Microsoft para o xCloud é clara: tratá-lo como um benefício de luxo. Se você quer jogar os títulos do Game Pass no seu celular, tablet ou navegador, então você precisa assinar o pacote mais completo e caro oferecido pela empresa. Não existe uma opção intermediária. De acordo com Jason Ronald, a empresa observa que muitos jogadores usam o Ultimate para acessar a nuvem, seja como forma primária de jogar ou como um complemento para sessões fora de casa. No entanto, ele mesmo apontou a solução lógica para o próximo passo. “Eu acho que para nós, isso realmente abre a oportunidade de torná-lo muito mais acessível e mais disponível para os jogadores”, afirmou Ronald, segundo o site The Verge. Ele complementou dizendo que isso pode se materializar com a expansão para novas regiões ou com “novas maneiras de acessar a nuvem [do Xbox]”. A tradução é direta: o modelo atual não é acessível o suficiente.
Déjà Vu? A Novela do Plano Barato do xCloud
Para quem acompanha a indústria de perto, essa “novidade” tem um forte cheiro de déjà vu. A verdade é que a Microsoft vem flertando com essa ideia há anos. Há cerca de dois anos, documentos revelados durante o processo da FTC (Comissão Federal de Comércio dos EUA) mostraram que a empresa já trabalhava em uma versão “dedicada” e separada do Xbox Cloud Gaming. Poucos meses depois, o CFO da Microsoft Gaming, Tim Stuart, jogou mais lenha na fogueira ao sugerir que um plano gratuito com anúncios para o xCloud poderia existir no futuro. Portanto, a recente declaração de Ronald não é um raio em céu azul, mas sim a continuação de uma novela. É a evidência mais recente de que a Microsoft entende a limitação do seu modelo, mas ainda calcula o momento e a forma certa de apresentar uma alternativa ao mercado. A empresa até já expandiu o serviço no ano passado para permitir o streaming de jogos comprados pelo usuário, mas ainda assim, apenas para assinantes Ultimate.
O Fantasma da Concorrência e o Futuro do Hardware
Enquanto a Microsoft delibera, a concorrência não espera. O mesmo artigo do The Verge que noticiou a fala de Ronald faz questão de lembrar que o serviço GeForce Now, da Nvidia, é “muito superior” ao Xbox Cloud Gaming. A superioridade, segundo a publicação, está em pontos técnicos fundamentais: performance de PC, melhores taxas de bits, gameplay em resolução mais alta e menor latência. A Microsoft sabe que precisa correr atrás. E parte dessa corrida está no hardware. Ronald também mencionou que a empresa está projetando, em parceria com a AMD, “silício e hardware dedicados para habilitar a próxima geração de experiências de jogos”. Isso inclui investimentos pesados em tecnologias como renderização neural, que promete um novo patamar de qualidade gráfica tanto nos consoles quanto na nuvem. Ou seja, se o software (o plano de assinatura) precisa de um ajuste, o hardware que o sustenta também está recebendo uma atualização profunda para o futuro.
IA no Controle: O Experimento Começa com o Ally X
A próxima geração de hardware da Microsoft não será apenas sobre gráficos melhores, mas também sobre inteligência. A empresa está investindo em “silício dedicado para habilitar a próxima geração de capacidades de IA, que serão transformadoras na forma como você experimenta seu gameplay”, disse Ronald. E, para a surpresa de muitos, o campo de testes para algumas dessas inovações não será um novo Xbox, mas sim o vindouro Xbox Ally X. O dispositivo portátil terá um chip NPU (Unidade de Processamento Neural) dedicado, semelhante ao que a Microsoft já usa em seus PCs Copilot Plus. Isso permitirá que a empresa “comece a experimentar” com algumas dessas funcionalidades de IA em um ambiente controlado antes de implementá-las em larga escala no seu próximo console. Essa estratégia mostra como a Microsoft está unificando seu ecossistema, onde o Windows, o Xbox e agora os dispositivos portáteis conversam cada vez mais de perto.
Em resumo, a fala de Jason Ronald funciona como um grande spoiler do futuro do Xbox. A admissão de que o xCloud precisa ser mais barato é um passo fundamental para transformar o cloud gaming de um recurso de nicho para uma plataforma de massa. A pressão da concorrência, aliada aos planos ambiciosos de hardware e IA, indica que a mudança não é uma questão de “se”, mas de “quando”. Resta saber se o futuro nos reserva um plano mais simples, um modelo com anúncios ou uma integração ainda mais profunda com o ecossistema Windows que finalmente justifique o investimento para o grande público.
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