O Legado Instável: Quando a Solução Vira o Problema
Na longa e sinuosa história dos sistemas operacionais, as atualizações sempre foram vistas como pilares de segurança e estabilidade. Eram os reforços que chegavam para proteger a fortaleza digital. No entanto, os tempos mudaram. Em agosto de 2025, a Microsoft distribuiu uma série de patches que, em vez de consertar, parecem ter deixado o Windows de joelhos, com dois problemas graves que afetam desde o armazenamento de dados até a capacidade de restaurar o sistema. Um combo de falhas que nos faz questionar: a que custo estamos buscando a inovação constante?
O Mistério do SSD Fantasma no Windows 11 24H2
O primeiro capítulo deste drama digital afeta os usuários mais modernos, aqueles que já migraram para o Windows 11 24H2. De acordo com um relatório detalhado pelo Neowin, as atualizações cumulativas KB5063878 e KB5062660 introduziram um bug alarmante: durante operações de escrita intensiva, os discos de armazenamento, especialmente SSDs NVMe, simplesmente desaparecem do sistema. Puf, sumiram.
O problema se manifesta quando o volume de gravação contínua se aproxima de 50 GB e a utilização do controlador passa de 60%. O resultado é que a unidade e todos os seus dados se tornam temporariamente inacessíveis. Embora uma reinicialização traga o disco de volta à vida, a falha subjacente continua lá, à espreita. Pense nisso como um motor que falha em alta velocidade; ele pode voltar a funcionar, mas a confiança já foi abalada.
As investigações apontam que SSDs equipados com controladores Phison NAND, principalmente os modelos sem DRAM, são os mais vulneráveis, apresentando falhas mesmo com volumes menores de gravação. Uma das hipóteses técnicas é um vazamento de memória na região de cache do Windows. A Phison, por sua vez, já emitiu um comunicado afirmando estar ciente do problema e em colaboração com parceiros para encontrar uma solução. Até lá, usuários que trabalham com grandes arquivos vivem na corda bamba.
A Recuperação que Não Recupera Mais
Como se um problema grave não fosse suficiente, a atualização de segurança de agosto de 2025 trouxe outro golpe, desta vez mais amplo. Conforme noticiado pelo portal The Register, a funcionalidade de recuperação e reset do Windows foi quebrada em múltiplas versões do sistema, incluindo o popular e resiliente Windows 10. Ironicamente, a versão 24H2 do Windows 11 não foi afetada por este bug específico.
A falha impede que os usuários utilizem a opção "Redefinir meu PC", uma ferramenta essencial para limpar um computador antes de vendê-lo, solucionar problemas graves ou simplesmente começar do zero. O timing não poderia ser pior: a Microsoft havia acabado de emitir um aviso de 60 dias para o fim do suporte ao Windows 10 22H2, empurrando milhões de usuários para uma encruzilhada. Com o hardware de muitos PCs sendo incompatível com o Windows 11, a opção de resetar e dar um novo destino à máquina antiga se tornou um campo minado. Como descreveu o The Register, instalar patches do Windows hoje se parece menos com uma roleta russa e mais com "pisar acidentalmente em um ancinho deixado na grama".
A Resposta da Microsoft e o Futuro Incerto
Diante do caos, a Microsoft reconheceu oficialmente o problema da função de reset. A empresa confirmou que "tentativas de redefinir ou recuperar o dispositivo podem falhar" e anunciou que está trabalhando em uma atualização de emergência, fora do ciclo normal, para corrigir a falha nos próximos dias. Não há, no entanto, uma solução alternativa simples, deixando os usuários afetados em um limbo funcional.
A empresa também admitiu outra falha recente, onde atualizações do Windows 10 para o Windows 11 podiam falhar com o código de erro 0x8007007F. Segundo eles, o problema foi resolvido em 15 de agosto, e uma nova tentativa de upgrade deveria resolver a questão. Uma solução que soa mais como uma sugestão do que uma garantia técnica sólida.
Para nós, arqueólogos digitais, que estudamos a ascensão e queda de tecnologias, este episódio é um sintoma de uma era complexa. A pressão por atualizações contínuas e novos recursos parece estar sobrecarregando o controle de qualidade. Funções básicas e fundamentais, como acesso ao disco e recuperação do sistema, estão se tornando frágeis. O que resta é a esperança de que os próximos patches corrijam mais problemas do que criam, restaurando não apenas as funcionalidades perdidas, mas a confiança em um sistema que, por décadas, foi a espinha dorsal da computação pessoal.
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