Reorganização e Novos Rumos

A mediatech Play9, criada em 2019 por Felipe Neto e pelo ex-jornalista da Rede Globo, João Pedro Paes Leme, está passando por uma reestruturação que promete agitar o mercado digital. De acordo com informações do NeoFeed, a empresa se reorganizou em uma holding composta por quatro divisões independentes. Cada uma delas terá autonomia para captar recursos e realizar operações de fusões e aquisições, um movimento estratégico para diferenciar as diversas áreas de atuação da companhia. O objetivo é claro: sair do rótulo de simples casting de influenciadores e se firmar como um conglomerado sólido no universo digital, unindo o tradicional à inovação.

Desde sua fundação, a Play9 sempre apostou na convergência entre mídias tradicionais e digitais, contando com um elenco que reúne desde nomes consagrados até influenciadores em ascensão. Essa peculiaridade, que já atraiu a atenção de muitos no cenário nacional, se torna ainda mais relevante com a nova fase da empresa. Ao segmentar suas operações em divisões – como a mantida sob o nome Play9, a PlayGround, a PlayAction e o PlayNest – a holding cria um ambiente propício para que cada área seja avaliada por suas particularidades, evitando a confusão que antes dificultava a compreensão do modelo de negócios pelo público e pelos investidores.

A transição para uma estrutura holding não só facilita a gestão das diversas operações, mas também permite que a empresa se reposicione diante de um mercado que exige cada vez mais especialização e clareza na comunicação. Essa mudança é interpretada como um passo fundamental para que a Play9 mostre sua real dimensão, destacando suas operações consolidadas e preparando o terreno para novas aquisições e parcerias estratégicas, tanto no Brasil quanto no exterior.

A Jogada Internacional com a Compra do Top10

Uma das primeiras apostas dessa reestruturação foi a aquisição do canal Top10, um dos grandes nomes no segmento de curiosidades no YouTube. Fundado em 2007 na cidade de Mostardas, no litoral gaúcho, o Top10 cresceu e hoje conta com 9,5 milhões de inscritos. Um diferencial importante citado pela gestão é a criação de uma versão em inglês durante a pandemia, que passou a gerar quase 40% da receita do canal. Segundo fontes como o NeoFeed, a compra do Top10 é vista como um teste para a expansão internacional dos negócios da Play9, permitindo ao grupo avaliar o potencial de conquistar mercados como Estados Unidos, Inglaterra, Austrália e diversos países europeus.

João Pedro Paes Leme destacou que essa movimentação, além de reforçar a ambição de expansão, serve para reduzir a imagem equivocada de que a Play9 seria apenas um repositório de influenciadores. O estrategista afirmou: "A aquisição do Top10 é um primeiro passo para mostrar que nossa operação tem força para atuar em diferentes territórios e que estamos aptos a levar nosso modelo de negócios para além das fronteiras brasileiras." Esse movimento também evidencia a capacidade da Play9 de diversificar suas fontes de receita, um aspecto que vem fortalecendo a credibilidade da mediatech no competitivo mercado digital.

Estrutura da Holding e Impactos no Mercado

A nova estrutura societária da Play9 divide suas atividades em quatro áreas distintas. A própria divisão Play9 continuará cuidando do casting de influenciadores, que reúne mais de 80 artistas e gera cerca de 6 bilhões de visualizações mensais em plataformas como YouTube, TikTok, Instagram e Kwai. Por sua vez, a divisão PlayGround, comandada por Andrea Hirata, foca no marketing de influência voltado para marcas, registrando um faturamento expressivo de R$ 170 milhões em 2024, com campanhas que variam entre 1,7 mil e 1,8 mil por ano.

Além dessas, a PlayAction ficará responsável pela produção audiovisual, liderada por Luiza Maggessi, enquanto o PlayNest concentrará seus esforços nos micro, pequenos e nano influenciadores, segmento que já conta com 53 mil usuários cadastrados e 23 mil ativos, somando 1,2 bilhão de seguidores. Essa segmentação permite que cada divisão se desenvolva de maneira independente, criando metas e estratégias específicas para atender às demandas de um mercado cada vez mais especializado. Assim, a empresa reduz a possibilidade de erros de interpretação e melhora a comunicação com dois principais públicos: os criadores de conteúdo e as marcas.

Uma curiosidade interessante é que o canal Top10, além de ser um grande trunfo de audiência, tem sua origem modesta em uma cidade litorânea, o que contrasta com o cenário grandioso de sua atuação atual. Essa trajetória inspira não apenas a equipe interna da Play9, mas também os investidores que veem na nova estrutura da holding um potencial de crescimento significativo, tanto no Brasil quanto no exterior. O movimento é visto como uma oportunidade para testar estratégias e captar receitas internacionais, de forma que a Play9 se alinhe às tendências globais, sem perder de vista a importância das raízes brasileiras.

Desafios e Perspectivas para o Futuro

Ao mesmo tempo em que a reestruturação abre portas para a expansão internacional, ela traz à tona desafios próprios de um mercado em constante evolução. O mercado digital global exige agilidade e inovação, e a Play9 aposta que sua experiência no YouTube, aliada ao know-how dos fundadores, será determinante para enfrentar esse cenário competitivo. A estratégia de segmentação e a autonomia de cada divisão permitem que as operações se comuniquem de forma integrada, mas sem perder a identidade individual de cada projeto, um equilíbrio essencial para evitar a famosa "geleia" que confundia o público anteriormente.

O movimento de reestruturação também reforça uma tendência observada no mercado, onde a especialização e a clareza organizacional são diferenciais imprescindíveis. Em um ambiente no qual o conteúdo digital se transforma e se expande a cada dia, a capacidade de se adaptar e segmentar operações pode ser o grande passo para manter a competitividade. A Play9, com sua nova holding, demonstra que, mesmo em tempos de incerteza, a inovação e a diversificação são caminhos promissores para atingir o sucesso internacional.

Em resumo, a transformação da Play9 em uma holding, aliada à aquisição do canal Top10, é uma jogada que reflete a maturidade da empresa e sua capacidade de reinventar-se. Com uma abordagem que une tradição e modernidade, e com um olhar atento tanto ao mercado nacional quanto ao global, a mediatech promete não apenas ser protagonista nas redes sociais, mas também definir novos padrões para o setor de mídia digital. Seja pelos desafios enfrentados no cenário brasileiro ou pelas ambições globais, a Play9 mostra que está pronta para encarar as novas fronteiras com uma estratégia ousada e fundamentada na experiência de seus fundadores.