O Alerta dos Desenvolvedores aos Gestores

Uma pesquisa realizada em junho de 2025, que envolveu 200 desenvolvedores seniores de empresas de médio e grande porte, revelou dados alarmantes sobre o estado das tecnologias usadas no dia a dia. Segundo a pesquisa divulgada pela Storyblok e publicada também na NewsletterOficial do TabNews, 86% dos entrevistados afirmaram se sentir envergonhados pela tecnologia com a qual trabalham. Essa estatística chama a atenção tanto de gestores quanto de profissionais, evidenciando o desgaste gerado por sistemas ultrapassados e ineficientes.

Dados que Falam Alto e Impactos na Carreira

Entre as informações levantadas, quase metade dos desenvolvedores (47,5%) afirmou ter considerado pedir demissão no último ano, enquanto 31% deles relataram pensar com frequência sobre a possibilidade de abandonar o emprego no mês anterior à pesquisa. A sensação de constrangimento com o ambiente de trabalho é agravada pelo fato de que 73% dos profissionais conhecem pelo menos um colega que também tomou essa decisão extrema devido à precariedade dos sistemas utilizados nas empresas.

De acordo com os dados, os principais pontos de frustração estão ligados à manutenção e correção de bugs em sistemas legados (27,5%), à dificuldade de lidar com colegas não técnicos que não compreendem as limitações impostas pelas tecnologias utilizadas (21,5%) e à falta de requisitos claros, que se apresentam como um obstáculo constante para o desenvolvimento dos projetos (14%). Esses números evidenciam como a experiência diária dos desenvolvedores é marcada por desafios que vão além das linhas de código, afetando diretamente sua identidade profissional.

O Impacto das Stacks de Tecnologia Desatualizadas

Os problemas técnicos enfrentados pelos desenvolvedores não se restringem apenas à manutenção de sistemas legados. A pesquisa apontou que 51% dos entrevistados sentem a falta de funcionalidades essenciais na stack de tecnologia empregada pela empresa, enquanto 47% reclamam da dificuldade em manter essa tecnologia atualizada. Além disso, 31% citam a baixa compatibilidade com inovações recentes, como a integração com inteligência artificial, o que pode ser considerado um grande entrave para empresas que buscam se destacar no mercado.

É importante destacar que apenas 14% dos profissionais afirmaram não sentir nenhum constrangimento em relação à stack utilizada, o que demonstra a amplitude do descontentamento e a necessidade urgente de investimentos em modernização. Além disso, os entrevistados também manifestaram críticas ao uso de frameworks e bibliotecas desatualizados (18%), à dívida técnica gerada por soluções improvisadas (22,5%) e, principalmente, aos sistemas legados, que foram apontados como o maior problema por 24,5% dos desenvolvedores.

Salários: A Última Tábua de Salvação?

Em um cenário em que a tecnologia definha, os profissionais não medem esforços para deixar claro o que esperam das empresas. Segundo a pesquisa, nada menos que 92% dos desenvolvedores afirmaram que só continuariam trabalhando com a stack atual mediante um reajuste salarial mínimo de 10%. Dentre esses, 42% exigiriam um aumento de pelo menos 20% e 15% pediriam um ajuste superior a 25%. Tais números indicam que, na ausência de uma modernização tecnológica, as empresas podem enfrentar um grande índice de rotatividade e dificuldade para manter talentos.

Em entrevista à Storyblok, Alexander Feiglstorfer, CTO e Co-Fundador da empresa, declarou: "A mensagem para os negócios é clara: sistemas ultrapassados estão tornando os desenvolvedores infelizes a ponto de considerar a demissão. Investir em modernização não é apenas uma questão de eficiência, mas um passo essencial para manter o bem-estar e a identidade profissional dos times de TI." Essa declaração reforça a necessidade de ações imediatas por parte dos líderes do setor.

Modernização e Competitividade no Cenário Atual

Embora a pesquisa aponte uma grande insatisfação, curiosamente, 49,5% dos desenvolvedores afirmaram que suas empresas estão entre as líderes do setor, e 41,5% afirmaram estar "no mesmo patamar" que os concorrentes, apesar dos problemas enfrentados diariamente. Esse dado sugere que o cenário de tecnologias desatualizadas é, infelizmente, recorrente e que a média das stacks de tecnologia do setor ainda é considerada abaixo do ideal.

Outro ponto crítico revelado pelos dados foi a insatisfação com os sistemas de gerenciamento de conteúdo (CMS). Apenas 4% dos desenvolvedores consideram que o CMS de suas empresas atende perfeitamente às suas necessidades, enquanto cerca de 67,5% apontam que o sistema limita a performance e a agilidade de seu trabalho. Os profissionais sugerem que melhorias significativas, como a implementação de plataformas que proporcionem uma experiência mais moderna e integrada, seriam fundamentais para elevar o desempenho e reduzir a frustração do dia a dia.

Rumo a um Futuro Mais Moderno

É possível notar que a insatisfação dos desenvolvedores vai muito além do mero desconforto com a tecnologia utilizada. Ela reflete uma divergência entre as expectativas dos profissionais e as práticas tecnológicas das empresas. A pesquisa deixa claro que uma atualização nas stacks de tecnologia não só aumentaria a produtividade e a inovação, mas também seria vital para manter a equipe motivada e reduzir a alta taxa de rotatividade, que muitas vezes impacta diretamente nos resultados do negócio.

Em resumo, os dados apresentados demonstram que a modernização das plataformas e sistemas legados não é apenas uma tendência, mas uma necessidade urgente para as empresas que desejam se manter competitivas num mercado que avança a passos acelerados, especialmente quando se leva em conta o impacto direto disso na vida profissional dos desenvolvedores. Se os líderes empresariais não agirem para corrigir esse desequilíbrio, o risco de perder talentos valiosos e, consequentemente, de comprometer projetos inovadores pode se tornar uma ameaça real.

Com um cenário que mistura informações sólidas, como as levantadas pela Storyblok e confirmadas pela NewsletterOficial do TabNews, e relatos que expõem o desgaste emocional e profissional dos desenvolvedores, fica evidente que o caminho para um futuro tecnológico saudável passa pela coragem de abandonar o conforto dos sistemas legados. Talvez seja hora de encarar de frente a realidade: se continuar investindo apenas em paliativos, as empresas brasileiras de tecnologia podem ver um êxodo de profissionais qualificados em busca de ambientes que verdadeiramente valorizem a inovação e o bem-estar.

Afinal, se a modernização não vier acompanhada de investimentos reais e de uma liderança que priorize a excelência técnica, a sensação de vergonha e a vontade de abandonar o emprego podem se transformar em uma tendência permanente, afetando não só a produtividade, mas também a competitividade das organizações no cenário nacional e internacional.