Transformação digital: a revolução na saúde
A área da saúde vem passando por uma transformação que, além de modernizar processos, promete melhorar drasticamente a eficiência dos diagnósticos e a qualidade dos tratamentos. Em um cenário onde a inteligência artificial (IA) se posiciona como uma ferramenta essencial, casos como o do Grupo Fleury e a aquisição da 23andMe pela Regeneron trazem à tona as possibilidades e desafios deste novo modelo. Com iniciativas voltadas para o aprimoramento dos exames de imagem e a otimização dos atendimentos domiciliares, a tecnologia está mudando a forma de entender e praticar a medicina, tanto no Brasil quanto no exterior.
Recentemente, o Grupo Fleury, uma das redes de laboratórios mais relevantes do país, anunciou os resultados surpreendentes alcançados com o uso da IA. Segundo a publicação de Junior Borneli, Founder da StartSe, datada de 13 de junho de 2025, os diagnósticos por imagem, como os de ressonância magnética, tiveram seu número de atendimentos por hora dobrado. Essa tecnologia permite identificar até 1.500 casos de maior gravidade de forma mais rápida e precisa, contribuindo para a redução do índice de doenças através da detecção precoce dos sinais de algum problema. Além disso, a IA também está sendo aplicada na roteirização dos serviços domiciliares, melhorando a logística e aumentando a pontualidade, o que representa aproximadamente 8% da receita do grupo.
Esses avanços despertam a reflexão sobre o potencial da IA na saúde, pois a combinação entre algoritmos capazes de analisar imagens e rotas inteligentes para atendimentos pode transformar radicalmente o ambiente clínico. Em meio a esse cenário, alguns especialistas, como o CEO do Google DeepMind, chegam a afirmar que a tecnologia pode permitir curas para todas as doenças até 2030. Ainda que essa previsão soe como um enunciado de ficção científica, a velocidade com que as inovações estão ocorrendo deixa claro que o setor está em meio a uma revolução.
Inovação e desafios na era digital
O exemplo do Grupo Fleury demonstra que, com investimentos em inteligência artificial, é possível aumentar a eficiência dos exames e melhorar a qualidade dos diagnósticos. Essa revolução não é apenas uma tendência, mas uma resposta necessária a um sistema de saúde que busca, cada vez mais, reduzir erros, agilizar processos e oferecer tratamentos mais acurados. A transformação digital tem, portanto, um impacto profundo não só na prática médica, mas também na administração dos serviços de saúde, onde a integração tecnológica gera benefícios que ultrapassam a simples automatização.
De forma similar, o episódio envolvendo a aquisição da 23andMe pela Regeneron ressalta como a convergência entre tecnologia e saúde pode gerar novas oportunidades. Em março de 2025, como noticiado por Leandro Miguel Souza no portal Startups, a gigante farmacêutica norte-americana Regeneron comprou os ativos da healthtech de testes genéticos 23andMe por US$ 256 milhões. A 23andMe, que já foi pioneira nos testes genéticos diretos ao consumidor e teve uma trajetória marcada pela alta valorização e, posteriormente, por uma drástica desvalorização devido a desafios variados, inclusive um grave vazamento de dados em 2023, agora terá sua tecnologia e banco de dados (com informações de mais de 15 milhões de usuários) integrados a uma das maiores Big Pharma dos Estados Unidos.
A operação foi fruto de um leilão dos ativos da 23andMe, e a Regeneron planeja utilizar os dados genéticos para acelerar a pesquisa e o desenvolvimento de novos fármacos, sempre ressaltando a necessidade de priorizar a privacidade e a segurança dos dados. É evidente que, tanto no caso da Regeneron quanto do Grupo Fleury, a transformação digital está criando novas frentes de competição, onde a inteligência artificial serve como o grande motor para redefinir os parâmetros de eficiência e inovação na área da saúde.
Enquanto o Grupo Fleury colhe os frutos de uma estratégia que alia rapidez e precisão clínica, a Regeneron aposta na integração de tecnologias para superar desafios históricos enfrentados pela indústria farmacêutica. A trajetória da 23andMe, que viu uma alta histórica até a queda abrupta de valores, serve de alerta para o mercado: a implementação de inovações tecnológicas deve vir acompanhada de um rigoroso controle e de estratégias que garantam a integridade e a segurança dos dados dos usuários.
Em um país como o Brasil, onde a modernização do setor de saúde ainda enfrenta diversos obstáculos burocráticos e limitações orçamentárias, esses exemplos internacionais podem servir de inspiração para que tanto o setor público quanto o privado invistam mais intensamente em transformação digital. A digitalização dos processos não só aumenta a agilidade dos diagnósticos e tratamentos, mas também amplia o acesso a serviços de saúde de qualidade, mesmo em regiões mais remotas ou com recursos limitados.
Outra dimensão interessante dessa transformação é a aplicação da IA na gestão de serviços domiciliares. Com o auxílio de algoritmos para roteirização e otimização de trajetos, as equipes médicas conseguem atender a uma demanda crescente de exames e consultas fora dos grandes centros urbanos. Isso não só diminui o tempo de espera dos pacientes, mas também viabiliza a expansão de serviços médicos a áreas que antes estavam subatendidas.
Vale destacar que os casos do Grupo Fleury e da Regeneron demonstram como a aplicação de tecnologias avançadas na saúde não é isenta de desafios. A implementação dessa nova realidade requer investimentos robustos, treinamento especializado e, principalmente, uma mudança cultural dentro dos estabelecimentos de saúde. No entanto, à medida que as tecnologias se tornam mais acessíveis e os resultados se comprovam, a tendência é que algo similar aconteça em larga escala, tanto no Brasil quanto em outros países da América Latina.
Ao mesmo tempo, o mercado observa que a competição entre empresas e startups de tecnologia na área da saúde está intensificando. Essa disputa se reflete, por exemplo, na busca por investimentos e na consolidação de modelos de negócio que dialoguem tanto com a inovação quanto com a responsabilidade ética no uso de dados. Assim, a transformação digital não se restringe à melhoria dos processos técnicos, mas envolve também uma complexa rede de questões legais e de privacidade, que precisam ser cuidadosamente gerenciadas.
Em resumo, o panorama da saúde está se redesenhando com o apoio da inteligência artificial. Seja para ampliar a capacidade de realização de exames ou para estruturar novos modelos de negócio, as iniciativas do Grupo Fleury e a operação envolvendo a 23andMe abrem caminho para uma nova era, em que tecnologia e medicina caminham lado a lado, em uma sinergia que promete revolucionar a experiência dos pacientes e a eficiência dos tratamentos. Se há algo certo, é que a transformação digital chegou para ficar, e o futuro reserva inovações que, por mais surpreendentes que pareçam, já estão começando a se concretizar.